Na última sexta-feira (19) a AFAG participou de uma Audiência Pública na Câmara Municipal de Campinas sobre Doenças Negligenciada, representada pela Coordenadora Nacional da AFAG e Conselheira de Saúde de Campinas, Érica Vitorino.
O debate reuniu referências nacionais e internacionais na area como o Dr. Pedro Albajar, representante do Organização Mundial da Saúde, a Deputada Federal, Ana Perugini, o Vereador e médico, Pedro Tourinho, a assistente social da Universidade de Campinas, Ana Maria de Arruda Camargo, o presidente da ACCAMP, Sr. Osvalado Rodrigues da Silva.
O termo “doenças negligenciadas” surgiu na década de 70 e refere-se a doenças causadas por agentes infecciosos e parasitários. Essas doenças tendem a ser endêmicas em população de baixa renda e muitas vezes não despertam o interesse das grandes empresas farmacêuticas em produzir medicamentos e vacinas para o tratamento.
Durante o debate o médico Pedro Albajar Vinas, da OMS, fez uma explanação sobre as doenças negligenciadas no mundo. Segundo ele, o número de patologias causadas por agentes infecciosos ou parasitas saltou de 17 para 21, conforme nova classificação apresentada durante a 69ª Assembleia Mundial da Saúde, realizada no ano passado, em Genebra, na Suíça.
Vinas enfatizou a importância de uma lei federal que exponha o problema. “Há um grupo de doenças que são reconhecidamente negligenciadas. Quando afirmamos que estão negligenciando, é porque temos instrumentos e medicamentos para controlá-las, mas não o fazemos”, explicou o médico da OMS.
Durante o debate a deputada federal Ana Perugini firmou o compromisso de apresentar um projeto de lei à Câmara dos Deputados que prevê a criação da Semana Nacional de Conscientização das Doenças Negligenciadas. “Vamos fazer um requerimento de informações ao Ministério da Saúde, questionando quais os medicamentos disponíveis para cada uma das doenças negligenciadas com casos no nosso país e onde eles podem ser encontrados. Assim, poderemos saber se são suficientes para atender os pacientes. Também queremos saber se há rede de apoio às famílias”, afirmou a parlamentar.
A coordenadora nacional da AFAG e também conselheira de saúde de Campinas, Érica Vitorino, lembrou da importância de trazer o debate para a realidade da população atingida pelas doenças negligenciadas. “A boa porcentagem de pessoas atingidas por doenças negligenciadas são pessoas de baixa renda, infelizmente. Que são doenças muito simples de serem tratadas e muito simples de serem enfrentadas pelo poder público, com sanamento básico, uma condição mínima. Se houvesse um interesse do nosso poder público essas doenças já estariam erradicadas no nosso país”. A coordenadora da AFAG ainda lembra a falta de estrutura da Saúde Pública para identificar doenças de fácil diagnóstico e denuncia a carência do sistema que não conta sequer com insumos básicos. “Infelizmente nunca houve um caos tão grande em nossa saúde e as pessoas que estão lá não olham para a população como pessoas, mas sim como números e cores. O SUS hoje está sendo sucateado, despedaçado, estão acabando com o SUS. Isso acaba com a saúde da população. Esse é um direito nosso garantido e não é um favor. Precisamos lutar por um SUS com maior qualidade”.
Doenças negligenciadas
Segundo Organização Mundial de Saúde, 1,6 bilhão de pessoas sofrem com doenças negligenciadas em todo mundo, sendo que 500 milhões são crianças. No Brasil, estima-se que 16 milhões de pessoas sejam atingidas pela doença de Chagas, teníase-cistecercose, dengue, chicungunya, leishmaniose, hanseníase, filariose linfática, oncocercíose, raiva, esquitossomose e geo-helmintíase.
As doenças negligenciadas estão entre as principais causas de morbidade e mortalidade, incapacitando milhões de pessoas em todo mundo. Juntas, segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), elas causam entre 500 mil e um milhão de mortes todos os anos.